segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Capítulo 2 – Bebês trocados.

Helena Duarte não acredita no que seus olhos vêem; encaminha, então, os bebês para a o berçário rapidamente antes que Camila Eduarda e Marcelo Gianechinni acordem.

A imagem traz agora mais uma paisagem cartão-postal do Rio de Janeiro e Tom Jobim canta Wave ao fundo. É o primeiro dia do ano.

Ao som da música tema do filme Psicose uma mão abre a porta do berçário e segue vasculhando os prontuários dos neonatos (bebês recém-nascidos). Uma pausa e um respiro de alívio indica que a mão encontrou o berço. A mão toca o bebê. A música aumenta gerando um clima de aflição e acordando os bebês. A mão balança os berço. Os bebês param de chorar.

Uma pergunta em tom de espanto surge de lugar não identificado:

Doutora Helena Duarte, o que a senhora esta fazendo aqui?

A despeito da pergunta, Helena usa todo o seu poder de convencimento, jogando sensualmente sua cabeça e cabelos para o lado, responde:

– NADA!

A enfermeira se convence e vai embora.

Helena se certifica que a porta do berçário esteja trancada e avança em seu plano maquiavélico-diabólico. Aproxima-se novamente dos berços e TROCA OS BEBÊS.

A câmera dá um close no pacote de fraldas Puppets na mão de Helena [mais merchandising]. Ela pensando em voz alta diz:

– Garanta uma boa troca: use fraldas Puppets e deixe o seu Bebê sequinho!

Helena Duarte olha fixamente para um ponto à esquerda dos bebês de Camila e irrompe numa gritaria histérica:

– Eu tenho medo! Eu tenho medo! Eu tenho medo! Eu tenho medo! Eu tenho medo!

Helena adquiriu um trauma crônico em relação à esquerda depois das eleições de 2002, tendo surtos psicótico em qualquer lugar; permanece apavoradinha até que alguém a retire do transe.

A câmera desfoca, provocando o efeito de embaçamento da imagem e uma voz vinda do além ecoa pelo berçário:

– Helenaaaa... Helena... Doutora Helena... Doutora Helena...

A médica responde:

– Vá embora, por favor, mais quatro anos não!

A voz de telemarketing insistente continua:

– Helena... Helena... Doutora Helena, sua presença é aguarda na sala de parto!

Ainda no chão, Helena se dá conta de que a voz vem do alto-falante do hospital e tenta partir em disparada para o centro obstétrico quando uma enfermeira entra no berçário e percebe que os bebês foram trocados...

Novamente a música de fundo aumenta e quebrando a tensão do capítulo, Astrud Gilberto, tentando disfarçar o sotaque, canta Corcovado.

sábado, 20 de janeiro de 2007

Audiência

Saiu o Ibope do primeiro capítulo inicial da novela.
A emissora exigia algo em torno de 48 pontos de média. Mas a novela surpreendeu a todos e conseguiu chegar a 1 ponto durante sua exibição.

Superamos a TV Cultura, Rede Bandeirantes, Gazeta e Rede TV!

Para incendiar a audiência, aguardem cenas de sexo e nudez para os próximos capítulos.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Capítulo 1 – O parto

A câmera passeia pelo Pão-de-Açucar e dá um rasante até focalizar os prédios do Leblon. Para as cenas do mar carioca ao cair da tarde, uma bossa nova tudo a ver com o contexto – Balanço Zona Sul – é ouvida no fundo. A câmera procura novos lugares cartão-postal deixando de fora das paisagens os morros porque, afinal, a intenção da novela não é promover luta de classes. A seqüência termina na entrada de um Hospital...

[Helena Duarte é uma mulher apaixonada. Por amor, ela é capaz de tudo! Desquitada e mãe de um casal de filhos, sua vida é bossa nova e praias do Leblon até a fatídica noite de plantão de ano novo no Hospital Santa Rita de Cássia].

Depois de assistir a “um bom filme” e “um bom jantar” em “um bom restaurante” acompanhada de seu marido, Marcelo Gianechinni, Camila Eduarda, a filha de Helena Duarte, vai à praia jogar flores para Iemanjá e sente as primeiras dores do parto [ou gases, porque isso é muito comum em novelas que tentam reproduzir a realidade] e precisa ser socorrida às pressas coincidentemente no mesmo hospital no qual sua mãe trabalha como plantonista.

[Camila Eduarda é uma menina mimada pela mãe. Casou cedo e toda vez que está estressada – o que sempre ocorre – precisa que seu marido Marcelo, o engenheiro, arquiteto e decorador de interiores a leve para Acapulco ou Angra para “um bom passeio”. Muito frigidazinha – digo, fragilzinha – e insegura, a moça tentou engravidar de Marcelo Gianechinni imediatamente após o casamento pelo receio de perder o amor do rapaz].

“Raios e trovões” cortam o céu do Leblon em uma cena que a câmera foca o Cristo Redentor rodeado de inúmeras logomarcas gigantes da Fundação Roberto Marinho [merchandising social em prol da preservação do patrimônio público].

Marcelo Gianechinni com os olhos emocionados observa o parto da mulher enquanto a trilha sonora traz Amado Batista cantando ao fundo com as meninas cantoras de Petrópolis: “no hospital, na sala de cirurgia, pela vidraça eu via você sofrendo a sorrir...”.

A câmera da um close em Helena Duarte porque precisa disfarçar que a mão a ser inserida no útero de Camila Eduarda não é sua, mas sim de uma médica verdadeira realizando o parto real de uma figurante despossuída contratada especialmente para a cena.

No primeiro choro de bebê Camila Eduarda desmaia como era de se esperar ao ver tanto sangue; no segundo choro, Helena arregala os olhos assustada, fixando-os em Marcelo, que também desmaia.

A correria toma conta do centro cirúrgico e uma música de tensão se inicia para terminar o primeiro capítulo.